quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

"Polite da balada pra fora" e "5 luvas"

"Polite" da balada pra fora

Terça não acabou com o trauma na comida apimentada nigeriana, o pessoal queria sair pra badalar em plena terça, e como estavam todos os bolsos cheios de dinheiro e sem coisa pra estudar, claro que todo mundo #partiu. Fomos para o Careys, uma boate. As primeiras impressões começaram nas filas. As inglesas estavam de saia, shorts curtos e vestidos curtos num frio muito grande, temperaturas que não ultrapassavam 0º. Palmas para elas por manterem a indecência mesmo no frio.


A entrada custou 4 pounds, mas tivemos que pagar um pound pra guardar os casacos. Pois é, eu nunca achei que esse dia chegaria, pagar pra guardar um casaco, mas enfim. Soquei tudo, cachecol, gorro e luvas nos bolsos e entreguei, rezando pra que na volta, nada tivesse sumido. Ah, vale dizer que o rapaz ficou me perguntando minha iniciais e eu sem entender o que diabos ele queria. Até que umas meninas que estavam atrás de mim na fila me explicaram, falando mais calmamente, dizendo ele quer suas iniciais. Daí eu entendi e falei pra ele. Elas soltaram aquele 'Ounnnnnnnn' e eu fiquei pokerface. USHASUH

Subimos para o primeiro andar, onde fica a boate em si, e vi dois ambientes, um era menor, com um bar e uma música tocada por som mesmo, e o outro bem maior, com a pista de dança, DJ e também bar. Pra galera que bebe, fizeram a festa, os preços estavam bem em conta. Estava bem lotado o local, e antes de explicar o motivo do nome desse post, devo dizer algo antes. Todos os dias, se você esbarra em alguém na rua, ou fica no caminho dela, enfim, você fala 'sorry' e recebe outro 'sorry' ou 'cheers' de volta, mesmo que a culpa não tenha sido da pessoa. Então, na balada, por estar muito cheio e apertado você esbarra nas pessoas sempre. A diferença é que parece que eles esbarravam em você pra te derrubar e não estavam nem aí. Eu não sei se é algum tipo de compensação pelo dia inteiro de 'sorry's' que eles tem, mas enfim, educação, só da balada pra fora.


Música desconhecidas. Era só o que tocava. Eu não tenho uma bagagem de músicas, tudo bem, eu conheço as mais tocadas e algumas atuais e outras que tocam bastante. Mas era bastante engraçado que a grande maioria das músicas tocadas eram totalmente desconhecidas por mim e pelos brasileiros que estavam comigo. Haviam verdadeiras horas que o DJ cortava a música pros ingleses entrarem em coro, e todos eles cantavam, e eu ficava pokerface, porque eu não sabia que porra de música era aquela. Mas enfim, tocou muito hip hop, muito. Só bem no finalzinho que veio tocar umas músicas bem conhecidas. No outro dia ainda tentei caçar algumas músicas por trechos que eu lembrava mas não achei nenhuma, senão eu botava uma aqui pra vocês terem ideia e ver se conheciam também.

Outro aspecto chato. Não sei se era efeito da bebida ou se os jovens ingleses são um pouco agressivos, mas de repente, rolou um fight do nada. Por 'do nada', entenda, em segundos um cara estava sendo socado na cara até ser derrubado no chão, então 4 caras começaram a chutar ele. É amigos só restou fazer uma coisa...


Bem assim. Mas também é aquela coisa, você fica na sua, quietinho e geralmente não acontece nada com você. Pois é, tinham me falado que as inglesas eram carentes, e que elas se jogavam nos caras porque os ingleses não são muito de dar em cima. Eu pensava 'que absurdo'. Mas é verdade. USHAUSH Não estou dizendo que todas são assim, mas enfim, a galera que dá em cima, meio que consegue fácil 'ganhar' as inglesas. Bem, isso é uma opinião, por enquanto, circunstancial. Esperemos com o tempo e vamos ver se isso é confirmado.

Já pelo fim da festa - acabou 2 horas da manhã. Cedão em comparação com as baladas normais. Minha teoria é que pelo fato de ser maioria estudantes, eles de alguma forma controlam a hora por ser uma terça e a galera ter aula no outro dia - estava morrendo de sede. Fui até o bar pra ver se comprava um água. O bar estava fechado. Não estavam vendendo mais nada. Já tinha um cara lá tentando comprar mais bebida. Então, chamei a moça que estava passando de um lado pra outro e ela de cara me falou: "O bar já fechou." Eu disse que só queria uma água. Ela pegou um copo, e encheu de água da torneira e me entregou. Talvez, boa parte de vocês que acabaram de ler isso disseram 'eca'. Não gente, aqui todo mundo bebe água da torneira. Em casa eu bebo água da torneira. A água encanada já é própria para o consumo. Demora 2 dias de sede/nojo pra você se acostumar. Mas depois você fica feliz com a economia.

Mais tarde eu viria a descobrir que ela tinha me dado um copo usado pra me dar água. Agora sim você pode dizer 'eca'. Mas enfim, o outro cara que estava lá ficou puto, porque ela 'me atendeu'. Fazer o que se eu tenho charme. Ele soltou aquele 'What the fuck?' e virou pro meu lado. Depois de ter presenciado uma briga - eita, esqueci de dizer que o segurança chegou rapidão naquela briga lá e 'salvou' o muleque e expulsou o resto. Ufa por ele - eu fiquei meio assim né? Eu falei, só pedi água cara, só água. Ele chamou a mulher de novo, e ela respondeu: "É água?". Ele: "Não, mas..." Ela não esperou ele terminar a frase pra repetir: "O bar já fechou."

No finalzinho começaram a tocar umas músicas nigerianas e essa galera de animou e começou a dançar muito estranhamente, mas enfim. Assim terminou minha noite. Catamos os casacos. Sim, estava tudo certinho lá. Um pound bem gasto. Na verdade não é opcional, a não ser que você queira ficar com um casaco lá dentro e faz calor. Nos agasalhamos e saímos. Adivinha o que o tempo imprevisível de Coventry preparou? Aquele neve especial de madrugada pra tremer seus ossinhos. :)

5 luvas

Terça de manhã é o único dia da semana que temos aula cedo. Mais precisamente às 9 horas da manhã. Pela fase de adaptação do fuso, acordamos atrasados. Ao sair de casa, encontrei um par de luvas (2) vermelhas bem no meio da rua, e pensei que a pessoa ficaria muito revoltada ao procurar o par quando fosse usar. Continuamos andando, e ao passar por um ponte, pela qual passo diariamente, encontrei mais uma luva caída (3), mas dessa vez ela estava sozinha, bege, pálida. Teria sido melhor ser perdido com seu fiel par. Em Birmingham na estação de trem, outra luva (4) havia sido esquecida no banco do trem. Ela talvez estivesse numa viagem infinita, uma busca perdida, uma jornada infundada. Talvez aguardasse apenas o momento de ser encontrada. E por fim, mas não menos depressiva, na ruas repletas de neve, encontrava-se outra luva - quinta e última - que parecia já ter se entregue a hipotermia. Já havia aceitado seu fatídico destino.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

"Guerra de Bola de Neve \o/" e "Adivinha o que eu comi no jantar?".

Guerra de bola de neve \o/

Terça foi um dia agitadíssimo. Pela manhã, fui à universidade fazer o 'enrollment' que é como uma matrícula no curso, no meu caso, MSc Electrical and Electronic Engineering. É basicamente apresentar toda a papelada que usamos pra fazer a inscrição no Ciências Sem Fronteiras e esperar que tudo esteja certo. Foi tranquilo, embora só houvesse uma mulher que fizesse nossa 'matrícula', que foi uma mesma que me ligou algumas vezes no Brasil, pra me atualizar de informações, pra me pedir pra preencher dados, enfim. 

Quando chegou minha vez de falar com ela, perguntei se ela era mesmo essa mulher que eu estava pensando que fosse, e ela confirmou. Então perguntou o porque da minha pergunta. Expliquei pelos motivos acima citado que já havia falado com ela uma ou duas vezes, e pra minha surpresa, ela ficou bem tímida, uma reação que você não espera de uma comandante de um setor internacional, embora ela também não esperava que eu a reconhecesse. Ela foi bem simpática, perguntou como eu estava me adaptando ao tempo, se eu estava gostando da cidade, aliás, a maioria dos ingleses relacionados a universidade sempre perguntam isso. Ingleses são simpáticos, só os taxistas e os motoristas de ônibus que não.

Passei então para uma outra seção, que era preencher uns formulários pro sistema, e criar um login e senha que me dão acesso a praticamente tudo na universidade, desde computadores, copiadoras e salas, até bibliotecas, união dos estudantes e conseguir abrir portas. Depois de mais um cansaço burocrático - não aguento tanta burocracia, embora essa tenha sido a primeira, mas acumulado com a do Brasil é muita - recebi um cartão, e sem ele não sou nada e não tenho acesso a nada. Ficou pronto na hora, e a foto ficou até aceitável. Resultado, como eu faço mestrado, tenho que fazer 'check-in' - passar o cartão 2 vezes por semana em pontos da faculdade - por causa do meu tipo de visto. Eu me sinto vigiado, mas esse é um dos preços a pagar por ser bancado pelo governo e estar num intercâmbio.

Eu perdi mais ou menos a manhã nessa brincadeira, e uma aula, inclusive. Já era hora do almoço e nesse dia resolvemos comer num restaurante bem próximo a faculdade, que cheirava muito ao passarmos na porta todos os dias. Era indiano, visto que ao entrarmos, só tinha indiano dentro. Pedi um wrap surpresa. O que é um wrap?


Bem, é isso aí em cima. O que eu pedi um wrap surpresa, que vinha frango. A surpresa era um purê de batatas vermelho apimentado que vinha dentro. Surpresa boa ou ruim? Assim, eu gostei do negócio, deu pra comer direitinho, não era apimentado de morrer. Comida apimentada aqui é comum, é um hábito. Ou eu me acostumo, ou vou sofrer bastante sempre que quiser comer algo daqui. Mas enfim, vinha o wrap, muita batata frita num prato e uma Pepsi. Não lembro quanto era, mas era razoável. Não consegui comer o wrap todo, era muito grande, mas fiquei satisfeito.

O rumo agora era Birmingham, porque assim que você entra no país é recomendado (é algo que obrigatório induzido) que você vá até a estação de polícia e faça seu registro. Você precisa de 2 fotos estilo passaporte,  seu passaporte (obviamente) e 34 libras que podem ser pagas com cartão mas que não pode ser pago com uma nota de 50 pounds - eles não gostam de troco '-'. Na estação de trem de Coventry tem uma maquininha que chama "Photo Me" - "Tire fotos de mim", cobra 5 libras e te dá 5 fotos estilo passaporte. Lá fui eu tentar tirar foto nessa máquina. Resultado, a máquina comeu meu dinheiro e não soltou nenhuma maldita foto '-' Não riam de mim. 5 pounds é uma fortuna. Quando cheguei na outra estação de trem, no caso a Birmingham New Street, tirei de novo, só que dessa vez funcionou e usei uma nota de 5 pounds.

Era uma corrida contra o tempo, pois tínhamos que chegar antes de 15:40 e eram umas 15:00. A estação de polícia já tem fama de fechar cedo, então ninguém queria perder a viagem. Era perto da estação de trem, e apesar de informações divergentes dadas por pessoas nas ruas, conseguimos chegar lá. Deu tudo certo, a mulher não encucou comigo, foi tudo rápido e tirei 15 Kg das costas depois que ela me entregou a carteirinha comprovando o registro. Havíamos comprado bilhete de ida e volta a qualquer hora do dia, exceto horário de pico 16:30 as 18:00, então tínhamos duas opções: Correr pra estação ou passar 1 hora e meia rodando por Birmingham. O que escolhemos? Passear. Já tinha perdido a segunda aula do dia, não fazia sentido voltar pra Coventry e não ter nada pra fazer.

Num passeio descontraído, encontramos a Victoria Square.


Tiramos fotos claro, mas o inevitável aconteceu. Guerra de bola de neve. Tudo começa com a construção do boneco de neve, mas acaba virando guerra mesmo.

É comum esquecer que neve é 'água' e que suas luvas eventualmente ficarão molhadas, mas vale a molhadeira. Eu já estava uma criança 'suja' de neve. A sorte é que ela some bem rápido, felizmente, das suas roupas. Fomos parar num Starbucks, isso também é irresistível e eu ia levando um queda linda nas escadas internas do prédio, mas me segurei no corrimão da escada, então a dor ficou no só no braço. Tomamos aquele chocolate quente e seguimos pra estação - antes é claro muitas paradas das meninas em todas as lojas no caminho, mas enfim.

Adivinha o que comemos no jantar...

Voltei pra Coventry já com fome. O caminho da estação pra casa é até meio longo, uns 20 minutos a pé, o que contribuiu bastante com a já famosa 'larica' - eu realmente achei que nunca fosse usar essa palavra numa frase, mas na falta de um sinônimo melhor... Quando chego, minha housemate nigeriana (divide a casa comigo) estava preparando um lindo e cheiroso jantar, arroz com ervilhas e milho verde, uma pasta(macarrão) bem visto e o que parecia ser um frango. Me animei. Foi aí que ela me ofereceu pra jantar com ela e alguns amigos que estavam na sala aqui de casa, pois ela estava se formando e estava meio que fazendo uma reunião social. Subi, chamei meu outro colega brasileiro e viemos comer. 


O que era um prato bonito e apetitoso se transformou num pesadelo de pimenta nigeriana. Ela falou que estava um pouco apimentada, e a amiga dela confirmou, outra nigeriana, disse que não gostava de comida apimentada e que a Rose tinha colocado bem pouco porque ela não aguenta também. Então fomos de boa. O Pedro teve o prato posto primeiro e optou pelo arroz ao invés da pasta. Quando ele deu a primeira colherada a reação imediata dele foi correr e catar um copo d'água. Eu já fiquei assustado. Eu seria a próxima vítima. Chegou a minha vez, também escolhi arroz. Provei. Parecia que tinha uma brasa na minha boca. Rose e a amiga, a princípio, riram bastante, à medida que foram ficando com pena da gente e começaram a pedir desculpas, sempre que olhávamos na direção delas. 

A minha tática era ir comendo o frango, única coisa comível, já que o molho era o demônio apimentado e as cenouras, por incrível que pareçam, absorvem a pimenta 10 vezes mais, não sei como. Era como uma bomba surpresa. Cenouras e molho descartados. Fui comendo o frango, o qual estava apimentado, mas era pior apenas nas primeiras mordidas, já a que a parte externa estava coberta pelo molho, mas por dentro estava igual ao frango daí do Brasil, frango cozido, uma delícia. Nisso ia pegando o arroz do lado oposto ao do molho, e com isso comi todo o frango e todo o arroz que não estava em contato com o molho, e claro 3 copos d'água pra acompanhar.

Lição do dia: A pimenta do wrap era brincadeira de criança.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Master of Science

Segunda, primeiro dia na universidade. Havia um encontro marcado no prédio de engenharia com um coordenador do nosso curso. Expectativa total. Nós perdemos no caminho e nos atrasamos para um encontro na Inglaterra. Mau sinal, talvez. Acabei pedindo informações a uma japonesa na rua, que muito solidariamente nos ofereceu pra levar até a universidade, já que o namorado dela estudava lá e ela conhecia o caminho.

Eu esperava algo bem formal, mas quando cheguei havia um inglês muito simpático esperando por nós no térreo do fabuloso prédio de engenharia recém inaugurado após um investimento de aproximadamente 55 milhões de LIBRAS, sim LIBRAS. Como já haviam me adiantado a proposta deles era que tentássemos o primeiro ano da graduação ou fôssemos para o mestrado. Mestrado. Um nome que me assustou bastante ao princípio. A maioria dos intercambistas se encontram em períodos a partir do 6º/7º então nenhum deles estava interessado em voltar, pelo contrário, todos animadíssimos em ir pro mestrado, e eu surtando por dentro. 

A maioria dos brasileiros começou o 'enroll' naquele mesmo dia. Eu acabei decidindo pelo mestrado, mas ainda deveria escolher entre dois deles, um mais focado em Potência e Eletrônica, e outro em Teleco e Controle. Como eu corro de telecomunicações e a grande maioria estava indo pro outro mestrado, na terça pela manhã eu já estava me matriculando no curso MSc of Electrical and Electronic Engineering. Sentiu a potência? 

Ainda na segunda aconteceu minha primeira aula na Coventry University. Era uma sala de tamanho médio com 4 mesas triangulares de cantos arredondados. Haviam 4 TV's grandes bem distribuídas pela sala de forma que mesmo as pessoas que ficasse de costa para o professor, pudessem ver os slides que ele estava passando. Tudo bem que era bem mais indicado ficar olhando pra ele, porque ele falava bem rápido e demora um pouco de tempo pra se acostumar com o ritmo de fala, mas como ele passa boa parte do tempo lendo os slides, fica mais fácil de ficar inteirado no assunto.

A segunda aula era o laboratório da primeira. Isso é bem semelhante no Brasil com diferenças exorbitantes. Primeiro, o laboratório dura mais que a aula teórica. Todas as bancadas tem um computador e junto a esse Osciloscópios - você não precisa saber o que é, só precisa saber que é fundamental e caro - e tudo mais que você precise. As aulas foram BEM mais tranquilas do que eu esperava pra um mestrado, e o nível dos nossos colegas é bem fraco. Lembrando que eles já são graduados e nós não, mas eles não construíram uma boa base nisso.

Agora complete a frase: Quem mora na Inglaterra é...

Se você respondeu 'Inglês' por favor ouça os 8 segundos no vídeo abaixo.


Se você respondeu "Nigeriano, Chinês, Japonês, Indiano e todos os outros imigrantes da face da terra menos os ingleses." você acertou. :) Não há NENHUM inglês na minha turma de mestrado. Os únicos ingleses dentro da sala são os professores. Eu não sei se é preconceito com Coventry, acho que não, até porque a universidade é linda de foda, mas não tem inglês. Vai saber se eles gostam de faculdade.

Não sei se vocês contam como relevante, mas nesse dia tomei meu primeiro Starbucks :B


Respondendo as suas perguntas mentais. Sim, é tão bom quanto dizem. Sim, é tão caro quanto dizem. Sim, sou tão besta quanto dizem. Isso era um "Classic Hot Chocolate". Agora me perguntem: "Onde fica a Starbucks que você tomou?" Ela fica no térreo do prédio de engenharia. Uma benção ao mesmo tempo que uma maldição, porque se você não se der conta, o dinheiro da sua bolsa escorre pelo ralo delicioso da Starbucks. Uma belezinha dessa custa 2.40 libras, mas como já diz o mais importante ditados dos intercambistas: "Quem converte, não se diverte." Só cuidado pra não passar fome no fim do mês e não conseguir nem dormir pra driblá-la. É nesse pedala Robinho que me despeço hoje. Até mais.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Domingo não é dia de supermercado

Domingo acordei tardão. Cansado da vida aqui - só que não - mas foi um dos dias que dormi mais. Combinamos de ir almoçar na casa de outras duas brasileiras, que por acaso não sabíamos exatamente onde era, mas sabíamos que era super perto daqui, na principal. Andamos um pouco na neve até descobrir pelo GPS que era só cruzar a rua '-' e andar umas 3 casas pra direita. Lá almoçamos um macarrão com carne moída (riqueza ter carne). 

Então, não tinha comida aqui em casa e tínhamos que ir no supermercado que por acaso fica a 3/4 minutos daqui <3 Amém. Chegamos mais ou menos umas 3 horas no supermercado e começamos a fazer a 'feira'. Primeira impressão: pra pegar o carrinho de supermercado tinha que por 1 pound. Não tivemos coragem de colocar 1 pound tipo, imagina por um pound toda vez que fosse usar o carrinho, o supermercado ia enricar MUITO. Fiquei muito revoltado carregando aquela cestinha de metal pelo supermercado, com dor nas costas já. Enfim, fui no supermercado hoje - falarei mais no momento certo - e descobri que você realmente tem que por um pound pra tirar o carrinho, mas depois quando você por o carro de volta, o pound volta '-'

Mais isso não foi o mais engraçado, claro que tudo dentro do supermercado era novidade. Pra todos os lados que eu olhava não conhecia NENHUMA das marcas de comida, exceto é claro, Coca-cola, sprite e fanta. risos. Então começamos passando pela primeira fila em direção a última. Quando ainda estávamos na 5ª ou 6ª chega um segurança avisando que o supermercado está fechando. Leia-se fechando um supermercado as 16:00 num domingo, ou seja, as pessoas passam fome aos domingos, acho que é isso. 

Sem outra opção, fomos até o caixa comprar o que já tínhamos escolhido. Perguntei à atendente porque o supermercado estava fechando tão cedo, e ela ficou com cara de "Mas como assim?" pro meu lado. Ela disse : "É domingo, e domingo a gente fecha essa hora." "Okay". Compramos as coisinhas e levamos pra casa. Decidiram tentar fazer um bolo aqui em casa, no qual eu ajudei a bater a clara do ovo, maldade comigo porque não tinha batedeira. O bolo não deu muito certo, provavelmente por causa do forno (?) mas queimou em cima, não assou em baixo, ficou uma grola e o melhor que ficou foram nos lados da forma, basicamente o que salvou do bolo.

A galera 'animou' - nova gíria do momento - pra ir no cinema ryco aqui de Coventry, assistir Django Unchained (Djando Livre). O filme é muito bom. Recomendo muito, embora eu não tenha entendido tudo. risos. Muito tenso o inglês, mas a trilha sonora da música é muito boa. Até a próxima postagem e fiquem com essa música daqui de baixo, Freedom  de Django Unchained:

"Freedom" by Anthony Hamilton "Django Unchained"

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Protetor labial: Nunca ande sem.

Bem, logo após chegar em Coventry, descobri que o pessoal estava indo pra Birmingham no sábado - eu cheguei no sábado de madrugada. Claro que eu fui também. Então, foi muita novidade pra mim de uma vez só. Fui pra uma estação de trem, e conheci uma galerona. A passagem de trem custou 4.90 ida e volta pra qualquer horário fora do pico, ou seja, qualquer horário menos entre 16:30 às 18:00.

Bem, eu não tinha comido nada. Fui na onda do pessoal que já estava aqui e comprei um chocolate quente e  um 'troço' de chocolate. Não gostei muito do chocolate quente, até me revoltei mentalmente porque afinal devia ser uma delícia, mas o que tinha acontecido é que as coisas vem sem açúcar  então você sempre tem que botar. Estava meio enjoado da viagem e acabei que nem comi o que havia comprado. 

Eu nunca havia andado de trem, foi minha primeira vez. A impressão foi ótima, o trem é muito bom, todo automatizado, com poltronas confortáveis e um ótimo aquecimento. Eles tem vagões especiais que vendem bebida e comida, então é muito comum encontrar pessoas bebendo dentro dos trens.

Ao sairmos da estação de Birmingham fomos para o Bullring Shopping e lá andamos MUITO. Pessoal está sempre precisando comprar algo, ainda mais nesse começo. Eu estava meio perdido ainda, sem saber o que comprar, em síntese, o que comprei nesse dia foi: um chip - pra não ficar incomunicável, 2 travesseiros por 7 pounds na Primark - até tinha procurado luvas, bota e casaco mas não achei nenhum que me interessasse, e um protetor labial. Vocês não fazem ideia de como o lábio resseca aqui, no momento que eu saí na rua, meus lábios já começaram a ressecar e a gente tem que ficar passando esse troço o tempo todo e mesmo assim seu lábio sempre tá cortado. Isso está afetando até os meus sorrisos nas fotos, sério. Você vai rir, daí quando estica o lábio, dói um pouco, então você retrai e fica aquele sorriso falso. Então, sejam compreensivos. Caso viajem pra canto frio, não esqueçam, PROTETOR LABIAL. Acabei parando numa farmácia do shopping pra comprar um, não aguentava mais. Não lembro bem quanto custou, mas acabei comprando um da Nívea.

Procuramos um lugar bom pra almoçar, mas depois de traumas aqui já da galera que tentou almoçar comida daqui e não gostou, acabamos na Burger King mesmo. Como o tempo aqui passa voando - realmente passa. Primeiro: escurece cedíssimo. Umas 5 horas está escuro já. Segundo: as lojas fecham muito cedo. É horrível, porque quando você tem que andar pelas ruas, elas começam a ficar desertas e de certa forma sombrias, porque boa parte das coisas está fechada e escura, umas 18-19 horas as lojas já fecham.

Voltamos então bastante cansados de bater perna pela cidade, e eu principalmente porque tinha acabado de chegar. Fui convidado pra comer na casa de amigos brasileiros que decidiram fazer a deliciosíssima refeição de arroz + nuggets + pringles. Depois de muita comida boa e conversa jogada fora, acabou mais um dia na cidade de Coventry. Até a próxima.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Chegou o dia da viagem - Continuação

Eu estava contando que estava chegando na estação de ônibus em Londres ainda no aeroporto e meu objetivo era trocar a passagem pra o próximo horário. Só que o próximo horário era apenas de 23:30 e ainda eram umas 21:00, então como demora mais ou menos umas 2 horas pra chegar em Coventry, achei que era muito tarde pra ficar nesse ônibus. Então troquei pra um horário de manhã, acredito que 10:30 e pedi informações de como chegar no hotel Ibis, que sabia que ficava perto do aeroporto.

Eu queria ir de táxi, obviamente, porque tinha medo sei lá, estava nevando, eu havia acabado de chegar, mas a mulher me tentou um ônibus que eu pegaria de graça enquanto ela havia me dito que eu pagaria 50 libras no táxi. Fiquei ainda querendo ir no táxi, mas quando eu vejo, vem passando o ônibus. Não deu muito tempo pra pensar e eu saí correndo no frio, só com um cachecol, sobre um suéter mais uma camisa de manda longa, sem luvas e talvez com um gorro, arrastando uma mala gigantes, mais a mochila das costas. 

Entrei no ônibus, perguntei ao motorista qual a parada, ele falou algo ininteligível, pelos menos não reconhecível pra mim, e eu não tinha o que fazer além de sentar e me desesperar. Havia uma casal de ingleses na minha frente, então pedi ajuda. Não soube dizer a parada, pois não havia entendido, então eles começaram a pesquisar na internet. Foram super gente boa. O cara inclusive, ia descer antes com a namorada e falou que duas depois seria a minha, e ainda pediu pro motorista me avisar. 

Então me levantei e fui ficar perto do motorista, daí eu entendi ele dizendo: "Vá se sentar e preste atenção nas paradas que vão chamar" num tom meio grosso. risos. Sentei né? Avistei o hotel e agradeci aos céus. Desci com a mala gigantesca, na neve, e fui arrastando e quando entrei e senti aquele quentinho chega fiquei feliz, mas a felicidade durou bem pouco. Pedi um quarto e eles disseram que estavam cheios D: Bem, perguntei onde teria outro hotel, eles recomendaram a uma vizinho, mais ou menos uma quadra depois. Lá vou eu no frio arrastando no frio de novo a mala. Chego lá, peço um quarto e eles também estão cheios. 

Você pensa, mas porque? Abra esse LINK. Se você viu a notícia, houve uma nevasca gigantesca em Londres - pra minha sorte --'. Então, as pessoas, no caso, os turistas que iriam viajar e tiveram seus voos cancelados também precisavam de um lugar pra ficar, então eu não encontraria um lugar pra ficar. Então no terceiro hotel que me disseram que não tinha lugar pra ficar, entendi que eu só tinha uma opção: Ir pra Coventry de 23:30. Então pedi ao último rapaz que me atendeu que chamasse um táxi, pois eu precisava voltar pro aeroporto pra pegar o ônibus pra Coventry. 5 minutos depois o táxi chegou. Ele me cobrou 12 libras antecipadas, porque ele falou que onde ele precisaria parar, ele não podia demorar muito tempo ou seria multado.

Desci bem rapidinho e voltei pro guichê da passagem, e a senhora, não sei se por pena, ou porque eu tinha comprado seguro na passagem, trocou de novo a passagem pra 11:30. Meu próximo passo era contactar os amigos de Coventry pra me esperarem, já que a previsão era 15 pras 2 da manhã. O que eu fiz? Eu recebi moedas de troco do táxi, fui num orelhão e fiz minha primeira ligação. Apanhei um pouco pra achar a combinação correta do número, mas deu certo. Liguei pra minha amiga em Birm, e pedi pra ela me dar o telefone do meu flatmate, porque ele estava com minha chave, então se ele não estivesse acordado eu não entraria em casa. Imagina que lindo. 2ª hipotermia, porque a primeira foi em Londres.

Primeira lição, ligação dos orelhões são muito caras, o dinheiro some rapidinho, e você tem que ter bastante moeda pra usar. Eu só tinha 3 pounds eu acho. Fui num café e comprei uma água - a qual mais tarde eu descobri que é gaseificada, se você não pedir sem gás, eles sempre vão te dar sem gás, mas nesse caso fui eu que escolhi uma lá. Enfim, consegui moedas, liguei pro meu flatmate, e mais uma vez a ligação se foi muito rápido, falei pra ele a hora que estava chegando, ele disse que ia me esperar, e disse ainda que na estação de Coventry tinha um ponto de táxi perto, então era só pegar um táxi pra lá.

Demorou um pouco pra chegar a hora do ônibus, mas eu não sei como, consegui internet. Uma rede que tinha em Lisboa e que também tem em vários lugares. Nisso, eu ouvi quando um indiano falou que também ia pra Coventry e comecei a conversar com eles sobre as paradas na viagem, e tudo mais, e ele me falou dos táxis e disse que mesmo que não tivesse, ele chamaria um pra mim e tal. Simpáticos essa galera toda. Então sentei lá perto de outra moça que ia pra Birmingham, cidade vizinha e constantemente eu pedia pra ela dar uma olhada na minha bagagem enquanto eu ia pegar moedas, ou fazer ligações, então acabamos conversando um pouco. Inclusive ela ainda confiou em mim pra ver as coisas dela enquanto ela foi no banheiro :) #SouConfiável

Quando saí da estação pra pegar o ônibus eu estava tremendo muito do frio. Ainda bem que o ônibus era quentinho. Foram só umas 6 pessoas. Fiquei com medo de dormir, de perder a parada e porque tinha uma muçulmano muito estranho das poltronas opostas as minhas. Eu acabei cochilando uns 20 minutos. Depois fiquei acordado. Enfim, cheguei a Coventry, antes da hora esperada, acho que 1:15 eu estava lá. Haviam táxis o/ Mesmo assim, o indiano entrou no táxi comigo e foi até a minha casa, entreguei o endereço ao motorista, que também era indiano. risos. Enfim, chegamos.

Bati, bati, bati e nada. Pensei "lascou, ele deve ter ido me esperar na estação ou algo do tipo e a gente se desencontrou." Não tinha como ligar pra ele, ia morrer na neve. risos. Mais uma vez, contei com a ajuda da galera e o indiano pediu pro motorista amigo dele ligar pro meu amigo, eu tinha o telefone, só não tinha como ligar, ele desceu e abriu a porta. Finalmente, eu estava seguro em casa. Esse foi o final da minha verdadeira aventura até chegar a Coventry. Estou fazendo o possível pra escrever aqui sempre que dá, mas o tempo anda muito corrido. Aguardem próximas postagens. Até mais.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Chegou o dia da viagem

Já cheguei em Coventry - comemorações. Relato abaixo, toda a viagem desde Recife até Coventry, que durou aproximadamente 31 horas, contando do momento que cheguei no Aeroporto de Recife até quando cheguei em minha casa em Coventry.

Bem, a saída de Recife foi tranquila. Obviamente teve toda aquela emoção da despedida, com pais e amigos. Quando entreguei o bilhete para o embarque começou minha jornada, talvez inesquecível em minhas memórias para o UK. Primeira coisa: Eu não sabia que ao sair do país você precisa passar pela Polícia Federal. Se você nunca viajou pro exterior e sabia disso, parabéns. Enfim, é apenas uma checagem de passaporte: teoria da conspiração, eles querem saber onde você está. Após isso, foi só esperar mais um momento e finalmente embarcar no avião. 

Entrando no avião começa a cair a ficha. O meu voo ia primeiro pra Lisboa pra depois ir pra Londres, e obviamente tem muitos brasileiros indo pra lá, mas também há alguns estrangeiros, então é o primeiro sinal de que realmente eu estava indo. Quando sento na cadeira que paro pra prestar atenção no avião, vejo que ele é enorme, duas cadeiras de cada lado e no meio mais 4, ou seja, 8 cadeiras por fila. O máximo que tinha viajado era em um com 5 cadeiras, 3 de um lado e 2 do outro. O outro detalhe era que a música que tocava era uma Ópera - Já entrando no clima europeu.

O avião partiu e o único detalhe interessante no voo foi que só consegui dormir uma hora. Depois de comer o jantar servido, sobrando umas três horas até chegar em Lisboa. Cheguei em Lisboa, umas 10 horas, e meu voo só começava o embarque as 14:00, então fiquei numa área de conexões, praticamente 'preso', pois você não tem acesso a todo o aeroporto. Comi num café, e pela primeira vez usei euros. Uma amiga veio comigo de Recife, mas o voo dela partia antes do meu e caía em um aeroporto diferente, então ali nos separamos.


Um detalhe de Portugal é que eu não entendia nada que falavam nos auto-falantes do avião nem do aeroporto, o que na nossa lógica não devia ser assim, porque eles falam português, embora não seja nosso português. Mas é muito enrolado. O que acontecia era que eu esperava que começassem a repetir em Inglês pra entender a sentença, o que era muito estranho.

Esperei mais uma hora até a hora do embarque do meu voo, o que nós não sabíamos é que estava um nevasca terrível em Londres, e nosso voo atrasou... O pior era que não sabíamos se ainda íamos partir naquele dia, porque tudo dependia do tempo e do Aeroporto de lá liberar pra irmos. Então começou o desespero. Eu já havia comprado uma passagem de ônibus de Londres pra Coventry, e com o atraso perderia o horário. Eu parei pra pensar que não tinha muito o que fazer, era basicamente esperar e torcer.

Ficamos esperando notícias e nada. Logo após, a companhia liberou vale-refeição (meal voucher) de 16 euros. Eu, pra falar a verdade, não estava com fome. Mas, obviamente gastei todo o vale. Ia bem deixar crédito para a companhia ou o café que usei? Comprei com os 16 euros, uma água, um guaraná, um sanduíche de frango com queijo, um muffin de chocolate e uma empada - eu acho que era uma empada - de nata(?) - nem toquei nessa empada, mas enfim. Isso era até um mau sinal, porque quando eles começam a dar essas coisas é porque está atrasando bastante. Depois eles liberaram cartões de telefone. Liguei pra casa pra avisar do atraso. O engraçado foi que logo após desligar o telefone com meus pais, passou uma britânica correndo dizendo que talvez o embarque fosse daqui a 15 minutos.

E de fato foi. Só deu tempo eu dar uma carreirinha no banheiro - se tem uma coisa que eu aprendi aqui, é que nunca é demais fazer xixi, você não bebe água, mas faz umas 5 vezes por dia. Corri pra fila de embarque, e por acaso encontrei uma amiga que estava retornando da França - essa última frase soou muito rico, mas é o que sou agora. risos.

Embarcamos. O avião era uma pouco menor dessa vez, 3 lugares de cada lado. Peguei janela pra Londres, bem na asa. Eu estava morto de cansado à essa hora, tanto que, vejam bem, eu adormeci ainda na decolagem, adormeci não, capotei. Acordei mais ou menos uma hora e meia depois com vontade de ir ao banheiro. Agora a situação: na cadeira do meio, tinha um indiano dormindo, com um troço tapando os olhos e tudo, e na ponta um brasileiro assistindo série no tablet. Eu demorei muito pra decidir falar com o brasileiro pra me deixar passar, já pensando no tempo que eu iria perder se fosse no banheiro antes da imigração ou se fosse pra imigração muito tenso, morrendo de vontade de fazer xixi, isso não ia resultar em boa coisa.

Resultado: o brasileiro saiu no corredor, e eu simplesmente, pisando nas cadeiras do avião, passei por cima do indiano. Eu não prestei atenção nas pessoas ao redor, mas tenho quase certeza que me olharam com uma cara de 'wtf?'. Nisso, faltavam 30 minutos pra chegar a Londres e eu não queria perder a vista da janela. Eu nem precisava ter me apressado muito porque chegamos ao céu de Londres e o avião deu exatamente 5 voltas no céu, adiando mais 30 minutos na descida. Eu não aguentava mais, olhar para a tela e ver as voltas estava quase me dando enjoo.


Finalmente partimos pro pouso. Nisso o indiano acordou e começamos a conversar, tudo que soube dele era que ele já morava em Londres, e estava retornando - não sei de onde - e que estudava no Regents College. Ele já havia feito um intercâmbio no Brasil, em Londrina e só. Já estávamos pra pousar e nada de começarem a entregar a famosa fichinha da imigração, então chamei a aeromoça, e ela disse que achava que  não tinha à bordo e que na saída falasse com alguém. Pronto, lascou né? 5 minutos depois, ela passa distribuindo as fichinhas, pega metade pra distribuir da metade do avião pra baixo, mas passa antes e deixa uma comigo. Atendimento VIP ;)

Pousamos e está nevando. Minha primeira visão da neve. Fiquei animado ao mesmo tempo que receoso pelo frio. Quando saímos pela plataforma que conecta o avião ao aeroporto, já saí pisando na neve, daí falei 'EITA' e saiu fumaça da minha boca, aí eu comecei a assoprar bem rápido só pra ver a fumacinha saindo - matutagem, mas não tenho vergonha. Aliás, ver fumacinha saindo da sua boca nunca perde a graça. No meio disso, vejo que o indiano está um pouco mais a frente e vou até ele. Ele está se apressando e me diz que geralmente demora muito a fila da imigração, e então começamos a andar bem rápido passando pelos brasileiros.

Para nossa surpresa a fila da imigração estava bem pequena, eu já nervoso com medo de encucarem comigo. Outra completa surpresa. A imigração foi super simples. A atendente me recebeu com um 'Hello' e perguntou 'Pra onde você está indo?' e 'Quanto tempo eu vai passar conosco?', não necessariamente nessa ordem e com minha resposta intercalada pela outra pergunta. Respondi que estava indo pra Coventry University estudar e que passaria um ano. Então ela perguntou, 'Como você vai pra Coventry?' Eu respondi que tinha perdido o ônibus, porque o voo atrasou - eram mais ou menos umas 20 horas e alguns minutos enquanto fala com ela, meu ônibus saia às 19:30 - e que ia tentar trocar a passagem e só. Ela me respondeu com um 'Lovely', o que eu achei bem lovely. (Tradução: Ela me respondeu com um 'amável', o que achei bem amável.) Pediu pra eu colocar o polegar e em seguida o indicador no leitor e pronto. Estava tudo certo. Me lembrou ainda que tu teria que me registrar na polícia nos próximos 7 dias. Não sei se ficou implícito pra vocês, talvez não, mas eu entreguei meu passaporte e a fichinha que preenchi no avião assim que eu cheguei no balcão.

Continuei até as bagagens, que demoraram cerca de mais 15 minutos pra aparecerem. Nada do indiano. Depois o avistei e ele me disse que tinham cismado com ele e perguntaram tudo. Ainda bem que não foi comigo. Peguei minha mala, e segui pra estação de ônibus. Daqui em diante eu conto em outra postagem, senão esse vai ficar enorme. Té mais.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Aos meus amigos e familiares


Quem acompanhou essa jornada comigo – e não foram poucos - sabe que não foi tão fácil quanto parece, muito menos tranquilo. Muito pelo contrário, foram grandes doses de adrenalina, apreensão e acima de tudo, insegurança e sofrimento. É um processo bem cansativo. Veja bem, não estou que não vale a pena. Vale MUITO. Estar aqui, escrevendo isso, me faz perceber o quão real é esse momento. É um sonho se realizando, vou morar um ano no Reino Unido. Pois é, espero guardar essa sensação na minha memória de alguma forma.


 A ficha só começou a cair pra mim bem no fim, quando eu estava convertendo meus reais em libras na casa de câmbio, quando eu comecei a ganhar despedidas dos meus amigos, quando comecei a receber vários “adeus” e “boa viagem”. Cruzei do curimataú aos sertões pra me despedir dos meus familiares, e recebi muito carinho, muito acolhimento e torcida. Ganhei despedidas surpresas mais que inesperadas, homenagens, e até bolo com a bandeira do UK.

Gostaria de agradecer a todos vibraram por mim, que torceram por mim e principalmente àqueles que estiveram o tempo todo ao meu redor, me perguntando, se preocupando, “Como anda o processo?”, “Deu certo aquele detalhe lá?”. Não que eu não dissesse/falasse sobre isso praticamente todos os dias desde agosto. USAHSUAH Agradecer aqueles que me acolheram em suas casas, meus parentes de Recife, e meus tios de Brasília. Agradecer a paciência daqueles que me ouviram repetir mil vezes as mesmas besteiras e preocupações. Enfim, de verdade, obrigado.

Muito me perguntaram se eu ia sentir falta da família, dos amigos, do Brasil, e por vezes respondi, brincando, que não. Não me levem tão a sério. Como mudar de vida tão repentinamente e não sentir falta daquilo tudo que já foi vivido? Vou sentir dos meus pais, dos meus tios, primos -até dos que me aperreiam-, dos meus amigos, do tempero brasileiro, das pessoas, e de coisas que talvez eu não dê tanta importância ainda. Muito obrigado por todas as lágrimas prometidas de saudade. Elas não serão em vão.
 Hoje (incrivelmente) já é 17, e mais a noite estou partindo pro Reino Unido. Nunca gostei dessas palavras de despedida, pois elas impõem um tom de definição, como se não houvesse um retorno, uma volta. Mas eu volto (para os que duvidam disso, eu assinei um termo de compromisso dizendo que eu voltava, infelizmente USHASUH).  Espero representar bem o Brasil lá fora e melhor que isso, representar bem a Paraíba. Até a volta.

Descobri como é bom chegar quando se tem paciência. E para se chegar, onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão. É preciso, antes de mais nada, querer.
Amir Klink 

Isso é tudo. Até mais, e obrigado pelos peixes.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Happy 150th Birthday, London Underground.

Em comemoração aos 150 anos das linhas de metrô em Londres, as quais foram as primeiras subterrâneas feitas no mundo, o Museu do Transporte Londrino - London Transport Museum fará uma mostra dos pôsters mais famosos do gloriosos tube, e ainda fará outro em comemoração ao aniversário. A mostra estará aberta a partir do dia 15 de fevereiro. Aqui vão alguns dos melhores. A seleção disponível está na fonte, no fim do post.





Disponível na Fonte.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

7 dias. That's all Folks.

Alguns diriam que faz uma eternidade, mas pra mim passou tão rápido. Os 6 meses que passaram desde agosto foram corridos, por corridos leia-se, você nunca fez tudo o que você deveria ter feito. Mas foi bom, agora no finalzinho que fiquei sem paciência pra burocracia. Tem hora que você só quer deitar na cama e não fazer mais nada, daí lembra: "Eita, o seguro-saúde... Eita, a procuração." O melhor é ver que no fim tudo valeu a pena. A principal razão de eu estar fazendo este post é que meu visto finalmente foi aprovado ontem, e hoje, como vocês devem ter entendido pelo título da postagem, faltam 7 dias para minha viagem. Estou relativamente tranquilo, acreditando que ele vai chegar a tempo :) Aos que acompanharam o blog fielmente ou não, aos que chegaram agora e começaram a acompanhar, bem, agora virão os posts mais interessantes, com fotos e experiências que serão compartilhadas com vocês, amigos, familiares ou estranhos da internet. Quem está aqui, de alguma forma, compartilha essa vontade de viajar pra terra da rainha. Boa sorte a todos que começam novamente essa jornada e até a próxima postagem.