terça-feira, 29 de janeiro de 2013

"Guerra de Bola de Neve \o/" e "Adivinha o que eu comi no jantar?".

Guerra de bola de neve \o/

Terça foi um dia agitadíssimo. Pela manhã, fui à universidade fazer o 'enrollment' que é como uma matrícula no curso, no meu caso, MSc Electrical and Electronic Engineering. É basicamente apresentar toda a papelada que usamos pra fazer a inscrição no Ciências Sem Fronteiras e esperar que tudo esteja certo. Foi tranquilo, embora só houvesse uma mulher que fizesse nossa 'matrícula', que foi uma mesma que me ligou algumas vezes no Brasil, pra me atualizar de informações, pra me pedir pra preencher dados, enfim. 

Quando chegou minha vez de falar com ela, perguntei se ela era mesmo essa mulher que eu estava pensando que fosse, e ela confirmou. Então perguntou o porque da minha pergunta. Expliquei pelos motivos acima citado que já havia falado com ela uma ou duas vezes, e pra minha surpresa, ela ficou bem tímida, uma reação que você não espera de uma comandante de um setor internacional, embora ela também não esperava que eu a reconhecesse. Ela foi bem simpática, perguntou como eu estava me adaptando ao tempo, se eu estava gostando da cidade, aliás, a maioria dos ingleses relacionados a universidade sempre perguntam isso. Ingleses são simpáticos, só os taxistas e os motoristas de ônibus que não.

Passei então para uma outra seção, que era preencher uns formulários pro sistema, e criar um login e senha que me dão acesso a praticamente tudo na universidade, desde computadores, copiadoras e salas, até bibliotecas, união dos estudantes e conseguir abrir portas. Depois de mais um cansaço burocrático - não aguento tanta burocracia, embora essa tenha sido a primeira, mas acumulado com a do Brasil é muita - recebi um cartão, e sem ele não sou nada e não tenho acesso a nada. Ficou pronto na hora, e a foto ficou até aceitável. Resultado, como eu faço mestrado, tenho que fazer 'check-in' - passar o cartão 2 vezes por semana em pontos da faculdade - por causa do meu tipo de visto. Eu me sinto vigiado, mas esse é um dos preços a pagar por ser bancado pelo governo e estar num intercâmbio.

Eu perdi mais ou menos a manhã nessa brincadeira, e uma aula, inclusive. Já era hora do almoço e nesse dia resolvemos comer num restaurante bem próximo a faculdade, que cheirava muito ao passarmos na porta todos os dias. Era indiano, visto que ao entrarmos, só tinha indiano dentro. Pedi um wrap surpresa. O que é um wrap?


Bem, é isso aí em cima. O que eu pedi um wrap surpresa, que vinha frango. A surpresa era um purê de batatas vermelho apimentado que vinha dentro. Surpresa boa ou ruim? Assim, eu gostei do negócio, deu pra comer direitinho, não era apimentado de morrer. Comida apimentada aqui é comum, é um hábito. Ou eu me acostumo, ou vou sofrer bastante sempre que quiser comer algo daqui. Mas enfim, vinha o wrap, muita batata frita num prato e uma Pepsi. Não lembro quanto era, mas era razoável. Não consegui comer o wrap todo, era muito grande, mas fiquei satisfeito.

O rumo agora era Birmingham, porque assim que você entra no país é recomendado (é algo que obrigatório induzido) que você vá até a estação de polícia e faça seu registro. Você precisa de 2 fotos estilo passaporte,  seu passaporte (obviamente) e 34 libras que podem ser pagas com cartão mas que não pode ser pago com uma nota de 50 pounds - eles não gostam de troco '-'. Na estação de trem de Coventry tem uma maquininha que chama "Photo Me" - "Tire fotos de mim", cobra 5 libras e te dá 5 fotos estilo passaporte. Lá fui eu tentar tirar foto nessa máquina. Resultado, a máquina comeu meu dinheiro e não soltou nenhuma maldita foto '-' Não riam de mim. 5 pounds é uma fortuna. Quando cheguei na outra estação de trem, no caso a Birmingham New Street, tirei de novo, só que dessa vez funcionou e usei uma nota de 5 pounds.

Era uma corrida contra o tempo, pois tínhamos que chegar antes de 15:40 e eram umas 15:00. A estação de polícia já tem fama de fechar cedo, então ninguém queria perder a viagem. Era perto da estação de trem, e apesar de informações divergentes dadas por pessoas nas ruas, conseguimos chegar lá. Deu tudo certo, a mulher não encucou comigo, foi tudo rápido e tirei 15 Kg das costas depois que ela me entregou a carteirinha comprovando o registro. Havíamos comprado bilhete de ida e volta a qualquer hora do dia, exceto horário de pico 16:30 as 18:00, então tínhamos duas opções: Correr pra estação ou passar 1 hora e meia rodando por Birmingham. O que escolhemos? Passear. Já tinha perdido a segunda aula do dia, não fazia sentido voltar pra Coventry e não ter nada pra fazer.

Num passeio descontraído, encontramos a Victoria Square.


Tiramos fotos claro, mas o inevitável aconteceu. Guerra de bola de neve. Tudo começa com a construção do boneco de neve, mas acaba virando guerra mesmo.

É comum esquecer que neve é 'água' e que suas luvas eventualmente ficarão molhadas, mas vale a molhadeira. Eu já estava uma criança 'suja' de neve. A sorte é que ela some bem rápido, felizmente, das suas roupas. Fomos parar num Starbucks, isso também é irresistível e eu ia levando um queda linda nas escadas internas do prédio, mas me segurei no corrimão da escada, então a dor ficou no só no braço. Tomamos aquele chocolate quente e seguimos pra estação - antes é claro muitas paradas das meninas em todas as lojas no caminho, mas enfim.

Adivinha o que comemos no jantar...

Voltei pra Coventry já com fome. O caminho da estação pra casa é até meio longo, uns 20 minutos a pé, o que contribuiu bastante com a já famosa 'larica' - eu realmente achei que nunca fosse usar essa palavra numa frase, mas na falta de um sinônimo melhor... Quando chego, minha housemate nigeriana (divide a casa comigo) estava preparando um lindo e cheiroso jantar, arroz com ervilhas e milho verde, uma pasta(macarrão) bem visto e o que parecia ser um frango. Me animei. Foi aí que ela me ofereceu pra jantar com ela e alguns amigos que estavam na sala aqui de casa, pois ela estava se formando e estava meio que fazendo uma reunião social. Subi, chamei meu outro colega brasileiro e viemos comer. 


O que era um prato bonito e apetitoso se transformou num pesadelo de pimenta nigeriana. Ela falou que estava um pouco apimentada, e a amiga dela confirmou, outra nigeriana, disse que não gostava de comida apimentada e que a Rose tinha colocado bem pouco porque ela não aguenta também. Então fomos de boa. O Pedro teve o prato posto primeiro e optou pelo arroz ao invés da pasta. Quando ele deu a primeira colherada a reação imediata dele foi correr e catar um copo d'água. Eu já fiquei assustado. Eu seria a próxima vítima. Chegou a minha vez, também escolhi arroz. Provei. Parecia que tinha uma brasa na minha boca. Rose e a amiga, a princípio, riram bastante, à medida que foram ficando com pena da gente e começaram a pedir desculpas, sempre que olhávamos na direção delas. 

A minha tática era ir comendo o frango, única coisa comível, já que o molho era o demônio apimentado e as cenouras, por incrível que pareçam, absorvem a pimenta 10 vezes mais, não sei como. Era como uma bomba surpresa. Cenouras e molho descartados. Fui comendo o frango, o qual estava apimentado, mas era pior apenas nas primeiras mordidas, já a que a parte externa estava coberta pelo molho, mas por dentro estava igual ao frango daí do Brasil, frango cozido, uma delícia. Nisso ia pegando o arroz do lado oposto ao do molho, e com isso comi todo o frango e todo o arroz que não estava em contato com o molho, e claro 3 copos d'água pra acompanhar.

Lição do dia: A pimenta do wrap era brincadeira de criança.

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