Sexta-feira passada foi um dos dias mais aleatórios e, ao mesmo tempo, desesperadores da minha vida. Era o último dia antes do break, e sem dúvidas, queria o quanto antes partir daquela pra uma melhor sem precisar morrer. Tudo que eu precisava era terminar o dito trabalho de Digital Signal Processing Technology - o nome é feio e a matéria mais ainda. O trabalho simplesmente não acabava, e eu também não contribui muito, porque não perdi minhas noites de sono por causa dele, fiz no meu ritmo, vulgo bem lento, e precisava de mais tempo descansando pra poder ter algum tempo de produção.
Os donos das casas aqui na Inglaterra são chamados de Landlords ou Landladys, proprietários que disponibilizam o imóvel para aluguel, que é o meu caso. Eu nunca tinha vista a cara da minha Landlady mas claro que ela resolveu aparecer no dia em que a casa estava mais bagunçada. Para a nossa sorte, um pouco antes de ela aparecer, demos uma 'geral' e limpamos boa parte da sala e cozinha. Uma pessoa bate desesperada na porta e ao escutar a voz dela ao entrar, eu falei pra mim mesmo que com certeza era a dona da casa. A indiana não perdeu tempo, deu uma rápida olhada na casa, embora não soubesse nem quantas pessoas viviam nem quais eram, perguntou se nossos dois outros amigos que estavam na sala fazendo o trabalho moravam aqui. O medo de que ela achasse que transformamos a casa em um puxadinho me fez expelir rapidamente palavras em resposta afirmando repetidamente que não.
No fim das contas, ela veio buscar as contas delas que ficavam acumuladas junto a porta devido a ligações falando que ela deveria cuidar disso urgentemente. Enquanto eu fui ajudar a ver as cartas, ela perguntou se os quartos estavam abertos e simplesmente subiu para olhar como estavam. O meu estava a bagunça razoável de sempre, e no momento não tive nem como pensar em me desesperar. Foi tudo muito rápido para que a razão me fizesse agir de alguma maneira emergencial, a não ser aquela que você fica pálido e sem ação na frente das pessoas.
Quando eu pisquei, ela tinha catado as contas e se mandado. Aquele tipo de pessoa que é tão ocupada com a vida que não tem tempo pra uma conversa, muito menos para se importar com os seus inquilinos. Espero que ela demore a retornar ao nosso lar. Depois do susto que me fez acordar pra vida, voltei a focar no trabalho. A deadline era 11:55 e eu acabei por volta das 10 e há quem diga que foi um término razoável.
Em vista de ter passado a semana dentro de casa perdendo meu tempo com esse trabalho, resolvemos nos dar a chance de aproveitar o fim daquela sexta exaustante em algum lugar que pudéssemos curtir a noite. Como a Irlanda já havia começado a comemoração do St. Patrick's, nada como um pub Irlandês para dar um ar diferente ao nosso dia. A única exigência minha era que houvesse algo gostoso para comer lá, porque não jantamos em prol de terminar o infeliz. Quando tudo parecia que ia começar a melhorar, chuva. Claro que o nosso querido tempo da Inglaterra não ia facilitar pra nós dessa vez, logo a que mais precisávamos.
Como meu lema agora é 'saiu de casa, saiu de bicicleta' lá fomos nós levando chuvinha chata no olho até o nosso destino. Chegando lá, não parecia tão animado mas a escolha já tinha sido feita. 'Barman, o que tem pra comer?' Nada, ele respondeu. Frustração foi o sentimento da vez. Não íamos desistir assim tão fácil. Mudamos de pub. 'Bargirl, o que tem pra comer?' Só servimos bebida, ela disse. Aí já estava de sacanagem, uma vez tudo bem, agora duas? Mas somos pessoas persistentes e mesmos molhados e famintos partimos para a nossa terceira, e ainda não que não soubéssemos, última opção de pub da noite. Chegando lá, já estavam fechando. Ou seja, não era pra ser.
O primeiro estabelecimento de comida que apareceu, entramos. Uma pizzaria um tanto com cara de espelunca, guardava de surpresa um atendente com um bom sorriso no rosto. Duas pizzas encomendamos, e começamos a conversar sobre a vida até o fim da noite. E isso foi tudo. [...] Não está faltando mais nada nessa história, está? Ah, vocês querem saber do cara pelado. Okay. Simplesmente enquanto comíamos nossa pizza como prêmio da chuva e sofrimento que passamos lá fora, um cara entra só de camisa - segundo relatado pelos meus dois amigos que felizmente pouparam meus olhos de presenciar isso - sem calças e acho que de tênis, com seu salaminho de fora. Tendência agora no UK, andar nu nas pizzarias. Decência pra que?
Aliás, frio pra que? Porque eu penso assim, se eu agasalhado já morro de frio, digamos, em todas as regiões, se é que vocês me entendem, imagine esse rapaz/senhor/Mr. (não sei a idade do sujeito)? Vai que ele estava pagando penitência ou simplesmente provando novas sensações. Vai saber. Essa pizzaria de novo, nunca mais. Até a próximo aventura.
Gostou da postagem? Compartilhe através das redes sociais disponíveis nos botões logo abaixo. Curta também a nossa fanpage no facebook aqui.
Gostou da postagem? Compartilhe através das redes sociais disponíveis nos botões logo abaixo. Curta também a nossa fanpage no facebook aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário